Um grupo de 268 médicos cooperados da Unimed Cuiabá protocolou nesta terça-feira (data não informada) um pedido formal exigindo que a atual gestão convoque, em até 48 horas, uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar sobre a destituição da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração.
O movimento, articulado desde abril deste ano, obteve respaldo legal ao reunir mais de 20% das assinaturas do quadro social da cooperativa — índice mínimo exigido pela Lei 5.764/71 (Lei do Cooperativismo) e pelo Estatuto da própria Unimed. A cooperativa possui atualmente 1.271 médicos associados, o que significa que 255 assinaturas seriam suficientes para validar o pedido.
“Cumprimos todos os requisitos legais. Se a diretoria não convocar a assembleia no prazo, faremos a autoconvocação, como prevê a legislação”, diz trecho do protocolo entregue pelos médicos.
Sete pautas para o futuro da cooperativa
O grupo requer que a Assembleia trate exclusivamente de sete pontos, entre eles:
- Votação secreta para a pauta de destituição;
- Destituição imediata da Diretoria Executiva e do Conselho de Administração;
- Anulação da AGE de 27 de junho de 2023, que aprovou o balanço de 2022;
- Realização de nova auditoria independente no mesmo balanço;
- Requerimento à Agência Nacional de Saúde (ANS) para reverter a direção fiscal;
- Eleição de uma diretoria e um conselho interinos, ambos com mandato de 120 dias.
Um movimento que nasceu da insatisfação
O clima de tensão na Unimed Cuiabá vem crescendo há meses. O movimento ganhou força em grupos de WhatsApp e repercutiu na imprensa local, refletindo o descontentamento de parte expressiva dos cooperados com a condução administrativa sob a gestão de Bouret.
Muitos médicos afirmam que as decisões recentes da diretoria têm comprometido a transparência e a governança da cooperativa. “A sensação é de que a cooperativa perdeu o espírito coletivo e passou a ser administrada como empresa privada”, comentou um dos médicos que participou da mobilização — sob anonimato, por medo de retaliações.
Essa preocupação não é isolada: de acordo com relatos internos, o número de insatisfeitos ultrapassa, e muito, o total de signatários do pedido. Muitos preferiram não assinar por receio de sofrer perseguições econômicas ou políticas dentro da instituição.
Próximos passos e possível desfecho
O documento protocolado define também as condições da futura assembleia: ela deve ser convocada com 11 dias de antecedência, em dia útil (terça, quarta ou quinta-feira), com três horários possíveis de início (17h30, 18h30 e 19h30), e realizada em espaço adequado, com estrutura audiovisual e registro das deliberações.
Caso o presidente da cooperativa não atenda à solicitação dentro do prazo, os cinco primeiros signatários informaram que eles próprios conduzirão os trabalhos da assembleia, como prevê o estatuto.
Cenário de pré-impeachment
No ambiente interno da Unimed Cuiabá, o clima é de “pré-impeachment”. Fontes lembram que, historicamente, sempre que cooperados alcançaram o percentual mínimo para convocar uma AGE de destituição, o resultado foi a queda da diretoria.
A disputa expõe uma ferida que parece ir além de questões contábeis: há um embate sobre transparência, representatividade e o próprio sentido de cooperativismo dentro da maior operadora de saúde de Mato Grosso.



















